Estudo da Doutrina


Conceito de Espiritismo - Parte 3
O Espiritualismo

O espiritualismo é um novo movimento religioso baseado na crença de que os espíritos dos mortos existem e têm a capacidade e a inclinação para se comunicar com os vivos. A vida após a morte, ou o "mundo espiritual", é visto pelos espiritualistas, não como um lugar estático, mas como um lugar no qual os espíritos continuam a evoluir. Essas duas crenças - que o contato com os espíritos é possível e que os espíritos são mais avançados que os humanos - levam os espiritualistas a uma terceira crença: que os espíritos são capazes de fornecer conhecimento útil sobre questões éticas e morais, bem como sobre a natureza de Deus. Alguns espíritas falarão de um conceito ao qual se referem como "guias espirituais" - espíritos específicos, frequentemente contatados, que fornecem orientação espiritual. O espiritualismo se desenvolveu e atingiu seu pico de crescimento entre as décadas de 1840 e 1920, especialmente nos países de língua inglesa. Em 1897, dizia-se que o espiritualismo tinha mais de oito milhões de seguidores nos Estados Unidos e na Europa, principalmente provenientes das classes média e alta. O espiritismo, um ramo do espiritualismo desenvolvido pelo francês Allan Kardec e hoje praticado principalmente na Europa continental e na América Latina, mas especialmente no Brasil, enfatiza a reencarnaçãoO espiritismo floresceu por meio século sem textos canônicos ou organização formal, alcançando coesão através de periódicos, visitas de conferencistas em transe, reuniões e atividades missionárias de médiuns. Muitos espíritas de destaque eram mulheres e, como a maioria dos espíritas, apoiavam causas como a abolição da escravidão e o sufrágio feminino. No final da década de 1880, no entanto, a credibilidade do movimento informal havia enfraquecido devido a acusações de fraudes perpetradas por médiuns e organizações espíritas formais que começaram a aparecer. Atualmente, o espiritualismo é praticado principalmente através de várias igrejas espiritualistas denominacionais nos Estados Unidos, Canadá e Reino UnidoO vocábulo "espiritualismo", atualmente, é utilizado para denominar uma variedade enorme de religiões, sistemas filosóficos, doutrinas, crenças e seitas. Já o "moderno espiritualismo" especifica o espiritualismo desenvolvido, aproximadamente, a partir de Emanuel Swedenborg ao início do século XX, baseando-se na crença da comunicação dos espíritos com o mundo visível. Nos Estados Unidos, desde os primórdios de seu aparecimento, o moderno espiritualismo tem sido mais comumente denominado sinônimo de espiritismo, em face da introdução de um caráter científico-filosófico-religioso novo nas ideias já existentes do espiritualismo, contudo algumas ideias fundamentadas pelos "modernos espiritualistas" dos países de língua inglesa distinguem dos ideais espiritas, embora ambos tenham surgido no mesmo século. O moderno espiritualismo desenvolvido nos países de língua inglesa não se baseia na codificação espírita. É bastante conhecida também a divergência entre o que se convencionou chamar de "espiritismo latino" e "espiritismo anglo-saxão" (este último, particularmente, era integrado pelos ingleses e estadunidenses), essa divisão ocorreu por causa do número de pessoas que passaram a utilizar a denominação de "espíritas", ambos apresentavam diferenças em relação a reencarnaçãoContudo, na França, o "espiritismo anglo-saxão" é comumente chamado de — moderno espiritualismo anglo-saxão— (em francês: Spiritualisme Moderne Anglo-Saxon), essa substituição encontra respaldo na realidade, visto que, o espiritismo (em francês: spiritisme) é uma doutrina baseada nas obras codificadas pelo francês Hippolyte León Denizard Rivail, sob o pseudônimo de Allan Kardec. Enquanto que, o moderno espiritualismo, antecedendo o surgimento do Espiritismo, trata-se praticamente das manifestações de entidades incorpóreas que espalharam-se por todo o mundo por volta do século XIX, mas em alguns casos, com identidade própria. Esta foi a causa para o surgimento da designação moderno espiritualismo anglo-saxão. A palavra composta "anglo-saxão" foi adicionada para especificar certas crenças adotadas pelos modernos espiritualistas dos países de língua inglesaNo espiritismo (ou doutrina espírita), conforme definido pela primeira vez por Allan Kardec, inclusive esta palavra trata-se de um neologismo cunhado e codificado por ele com a publicação francesa de O Livro dos Espíritos em 1857, a reencarnação está presente em todas as obras básicas da doutrina espírita. Enquanto que, para a maior parte dos modernos espiritualistas britânicos do começo do século XX, segundo Arthur Conan Doyle (escritor e médico britânico), a doutrina da reencarnação era tratada com certa indiferença, com poucos a apoiando e uma minoria significativa lhe sendo veementemente a favor, os que contestavam o reencarnacionismo alegavam que tal conceito ainda não havia sido suficientemente demonstrado como real. Conan Doyle foi Presidente de Honra da Federação Espiritualista Internacional, Presidente da Aliança Espírita de Londres e Presidente do Colégio Britânico de Ciências Psíquicas, nos séculos XIX e XX. Usou de toda a sua experiência pessoal e trabalho de pesquisa para redigir esta obra. Embora a resistência mantida à época na Inglaterra e nos Estados Unidos contra o princípio reencarnacionista, Arthur Conan Doyle e outros espíritas britânicos e estadunidenses, apesar de serem relativamente poucos, admitiam a reencarnação conforme disposta nas obras básicas espíritas. 

Culto aos mortos na Antiguidade

A crença em uma vida após a morte surge primeiramente em fins do período Paleolítico, expressa pela prática de rituais de sepultamento dos mortos e em culto aos ancestrais. No Antigo Egito, o culto dos mortos atesta a sobrevivência do espírito, constituindo-se o Livro dos Mortos em um guia com preceitos e orientações para a viagem após a morte. O moderno espiritualismo é geralmente apresentado como a continuação de uma tradição ancestral comum à maior parte das civilizações. Civilização Minoica também praticou o culto aos mortos. Na Grécia Antiga, era prática corrente a consulta aos oráculos, em busca de conselhos, auxílio e previsões do futuro. O mais famoso localizava-se no Templo de Delfos, dedicado ao deus Apolo, onde a pitonisa, após um banho ritual em uma fonte sulfurosa, sentava-se numa trípode (banco de três pernas) e, entre vapores de enxofre, a mascar folhas de louro (árvore sagrada de Apolo), entrava em transe e transmitia as palavras do deus. No poema "Odisseia", Homero narra o diálogo entre Ulisses e a alma de Tirésias, oráculo de Tebas. O filósofo Sócrates acreditava na imortalidade da alma. O tirano Periandro, de Corinto, consultou a alma de sua mulher (que ele próprio havia mandado degolar). A Odisseia, de Homero, na Grécia Antiga, regista a crença em que as almas dos mortos habitavam o Hades e que era possível entrar em contacto com eles. A obra narra que Odisseu (Ulisses), rei de Ítaca viajou até à terra dos Cimérios, onde realizou um ritual conforme indicações da feiticeira Circe, logrando conversar com as almas de sua mãe, e dos seus companheiros que haviam perecido durante a Guerra de TroiaNa Roma Antiga, cuja religião sofreu forte influência dos antigos gregos, um festival, a "Parentália", celebrado anualmente de 13 a 21 de fevereiro, homenageava os mortos. Durante o resto do ano, as mensagens do além eram recebidas e interpretadas pelos arúspices, personagens que interpretavam os presságios. Complementarmente, as sibilas entravam em transe para consultar os espíritos sobre as inquietudes da população. Cícero, na obra "Tusculanae", afirma que o seu amigo Ápio conversava frequentemente com os espíritos, e que no lago Avernus, sombras dos mortos apareciam na escuridão. É através dos romanos que temos conhecimento dos druidas Celtas, que afirmavam que os homens constroem o seu destino com as ações praticadas neste mundo. As lendas de sua mitologia estão repletas de "espíritos protetores". Numa delas, o guerreiro Vercingetórix conversa com a alma de heróis mortos em combate. Bíblia, no Antigo Testamento, regista a prática mediúnica, assim como a proibição de Moisés à prática da "consulta aos mortos", a invocação do espírito de Samuel pelo primeiro rei de IsraelSaul, com o recurso a uma necromante, e, no Novo Testamento, a comunicação de Jesus com Moisés e Elias no Monte Tabor na Transfiguração de Jesus (Mateus 17:1-9). No contexto da Guerra dos Cem Anos, a francesa Joana d'Arc afirmava ouvir "vozes sagradas" desde menina. Entre essas destacavam-se as de São MiguelSanta Catarina e Santa Margarida de Antioquia, que a incentivavam a lutar contra os inglesesGiordano Bruno, na obra "Il Candelaio" (1582), regista a sua convicção da possibilidade de conversar com os mortos. Desde meados do século XIX, muitos místicos alegam ter sido inspirados por mestres invisíveis, para a estruturação de suas doutrinas. São os casos de Helena Blavatsky (teosofia), Max Heindel (rosa-cruz) e Zélio de Morais (umbanda). 

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