Estudo da Doutrina - Livro A Gênese Por Allan Kardec


22. O Cristo, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era  transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a  revelação da vida  futura, de que Moisés não falara, assim como a das penas e recompensas que aguardam o homem, depois da morte. (Vede: Revue  Spirit e , 1861, páginas 90 e  280) 


Em outras palavras Cristo tomou sobre si um julgo extraordinariamente pesado. Jugo este que só a nós cabia e mais ninguém. Fomos e somos nós que incorremos incessantemente na indisciplina, ingratidão. Nós que somos falhos, susceptíveis a constantes quedas morais. Mas, não. Deus por não querer desistir de suas criaturas no caso nós optou por um gesto extremo mas que se formos analisar friamente, aos olhos da razão unicamente entenderemos a razão para tal ato. Como sabemos o pecado como queiram chamar é algo extremamente abominável aos olhos de Deus, Tanto que este, no caso Deus o compara a um crime de sangue. Ou seja, toda vez que pecamos, ou melhor dizemos decaímos moralmente falando incorremos em crime de sangue indiretamente. Crime este que somente mediante um único sacrifício de sangue, sangue este que deveria ser de um inocente, de alguém puro e moralmente perfeito - e como ninguém ali, nem mesmo os sumos sacerdotes cumpriam tal requisito daí a necessidade de sacrifícios quase que diário de animais. Este sacrifício bem como seus rituais viriam a cair em desuso após o sacrifício de Cristo, pois Ele, unicamente Ele cumpria rigorosamente tal requisito. Sacrifício este que veio a anular a lei Mosaica, lei meramente humana, que visava unica e exclusivamente educar, politizar, disciplinar o povo da época. A Lei Mosaica cedeu seu lugar transitório a Lei de Deus, lei esta perfeita, atemporal. Lei esta que se posta em prática nos auxiliará nesta existência, abrandando as penas morais que se nos cabe ainda pagar senão nesta vida na outra. Quem rasgou o véu que se nos separava da verdade não foram as leis mosaicas, mas a Lei de Deus mediante um cumprimento sacrificial - no caso o Sacrifício de Cristo na Cruz do Calvário. Para provar a existência de maldição sobre os mestres legalistas e sobre todos os que buscavam ser justificados pela prática da Lei, Paulo mais uma vez recorre à Sagrada Escritura, palavra final em qualquer discussão de ordem doutrinária. Citando, a princípio, Deuteronômio 27.26, demonstra que é maldito todo aquele que não pratica a totalidade dos preceitos legais. Paulo tem em mente aqui um pressuposto claro: ninguém jamais conseguiu guardar a Lei (6.13; At 15.10). Logo, todos os que se colocam sob o seu jugo fatalmente a transgridem e, assim, tornam-se objeto de sua terrível maldição. Cabe a esta altura levantar a seguinte questão: em que consiste, exatamente, a maldição da Lei? À luz do texto citado por Paulo (Dt 27.26), a maldição consiste em estar sob a reprovação e ira de Deus, bem como sujeito ao seu terrível e certo castigo (Dt 28.15ss). No texto usado por Paulo, a maldição decorrente da transgressão da Lei apresenta conseqüências marcantemente materiais. Paulo, porém, não fixa o olhar nesse aspecto do castigo. Antes, conforme se vê, estende o seu significado para abranger a punição de Deus sobre os que não crêem, especialmente aqueles que, procurando estabelecer uma justiça própria, põem sua confiança nas obras que realizam. Tais pessoas estão sob a ira de Deus e sujeitas a um castigo futuro que, como se sabe, ultrapassa os revezes da presente vida (2Ts 1.9). A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo, cruel e implacável de Moisés; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras ... É sim um Deus, que diz aos homens: «A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.» ... «Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.» Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único, Soberano Senhor e Orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra. O Cristo, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a revelação da vida futura, de que Moisés não falara, assim como a das penas e recompensas que aguardam o homem, depois da morte. A parte mais importante da revelação do Cristo, no sentido de fonte primária, é o ponto de vista inteiramente novo sob que considera ele a Divindade. Esta já não é o Deus terrível, ciumento, vingativo, cruel e implacável de Moisés; mas, um Deus clemente, soberanamente justo e bom, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao pecador arrependido e dá a cada um segundo as suas obras ... É sim um Deus, que diz aos homens: «A vossa verdadeira pátria não é neste mundo, mas no reino celestial, lá onde os humildes de coração serão elevados e os orgulhosos serão humilhados.» ... «Perdoai as ofensas, se quereis ser perdoados; fazei o bem em troca do mal; não façais o que não quereis vos façam.» Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.

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