OVNIS NO BRASIL - CASO XIII


Operação Prato

Operação Prato é o codinome de uma operação militar realizada pelo 1° Comando Aéreo Regional – I COMAR, órgão da Força Aérea Brasileira sediado em Belém, capital do Pará, para investigar o aparecimento e movimentação dos chamados objetos voadores não identificados – OVNIs, em áreas dos municípios de Vigia, Colares e Santo Antônio do Tauá. Esses objetos receberam nos registros militares a alcunha de corpos luminosos e estavam associados a estranhos fenômenos relatados por moradores e autoridades, amplamente noticiados pela imprensa, que reportavam ataques a população pelos objetos através do uso de raios luminosos que supostamente causavam na vítima queimadura, perda de sangue, marcas de agulhas e até a morte, além de uma série de sintomas clínicos como paralisia e tremores. O fenômeno ficou conhecido pelo nome de chupa-chupa. Entre os meses de outubro e dezembro de 1977 foram realizadas duas missões pelos agentes de inteligência do serviço de informações e por uma equipe médica militar do I COMAR. A operação teria sido encerrada oficialmente no final de dezembro de 1977, mas documentos oficiais indicam que outras missões com objetivo específico relacionadas a investigação de OVNIs foram realizadas durante o ano de 1978.
A Operação Prato surgiu dentro de um contexto mais amplo, onde uma grande onda de observações de OVNIs estava sendo relatada desde a Baixada Maranhense até a divisa com o estado do Pará, na região do Rio Gurupi e a cidade paraense de Viseu. A onda percorreu o litoral do Pará, chegando em outubro a Baia do Marajó e a capital Belém. Durante o deslocamento do fenômeno OVNI, houve ampla cobertura da imprensa, do rádio e da televisão, que divulgaram histórias de encontros traumáticos desses objetos com habitantes de vilas e povoados, que causaram enorme terror entre as populações locais. O epicentro da onda ufológica está relacionado a um estranho incidente com alguns pescadores em fins de abril de 1977, na Ilha dos Caranguejos no Maranhão, com uma vítima fatal e outro gravemente ferido. Essa onda surgida no Maranhão, também foi acompanhada por outro serviço militar de informações subordinado ao 4.º Distrito Naval da Marinha do Brasil, que produziu informes de inteligência sem que tenha sido montada uma operação militar específica de investigação do fenômeno. Também se envolveram nas investigações o extinto Serviço Nacional de Informações – SNI e o Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica – CISA.
Documentos oficiais, jornais da época e documentos militares vazados são os principais registros do período. O acervo oficial é composto por documentos liberados pela FAB e documentos do SNI liberados pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, todos sob guarda do Arquivo Nacional em Brasília. Os documentos e imagens vazados não chancelados oficialmente estão uma parte sob guarda da Revista UFO (relatórios, desenhos, croquis), outra pelo site Burn(fotos e fotogramas) e outra pelo site operacaoprato.com (relatório médico, informes da Marinha). Existem outras fontes de apoio à análise da documentação disponível, principalmente entrevistas dadas por militares envolvidos diretamente no trabalho de campo e civis envolvidos nos eventos relatados, publicadas em livros ou periódicos.
No geral, a comunidade ufológica nacional acredita que os fenômenos investigados pela Operação Prato foram de origem extraterrestre e os queimados e vampirizados vítimas de experiências de seres alienígenas. Essa hipótese está amparada principalmente nas declarações de personagens importantes, como o chefe da Operação Prato e a médica da unidade de atendimento de Colares. Outros militares participantes da operação manifestaram opiniões diferentes, além de alguns personagens civis. Um número restrito de ufólogos e pesquisadores da comunidade ufológica defendem alternativas não extraterrestres. O fenômeno chupa-chupa estaria ligado a comportamentos sociais e a psique humanas e os fenômenos aéreos originados de uma operação aérea estrangeira ou de natureza terrestre ainda não esclarecida.
Abaixo o relatório completo da Operação Prato. Segue link.
Ilha dos Caranguejos está localizada na baía de São Marcos, Maranhão, próxima à capital São Luís. É desabitada e sujeita a inundações pelas marés.
No dia 25 de abril de 1977, quatro homens se dirigiram a Ilha dos Caranguejos de barco, para a coleta de madeira. Após a coleta, por força das marés, precisariam esperar até a meia-noite para que a maré subisse novamente e o barco conseguisse navegar. Por volta das 20h foram dormir. Um deles, Apolinário, acordou às 5h e logo foi acudir Auleriano e Firmino, ambos reclamando de dor. Apresentavam queimaduras de segundo grau. O quarto homem, José, deitado na rede, estava morto. Apolinário levou-os para o continente. A polícia maranhense investigou o caso e nunca chegou a uma conclusão. Os três sobreviventes nunca lembraram dos acontecimentos daquela madrugada, mesmo após hipnose regressiva pelo doutor Sílvio Lago. A única referência do causador da tragédia foi atribuída a um dos sobreviventes que teria dito a um dos médicos do hospital no qual foi atendido que "viu um fogo", desmaiando em seguida.
Instituto Médico Legal do Maranhão determinou a morte de José por hipertensão arterial, gerando um acidente vascular cerebral, devido a choque emocional. Os ferimentos de Firmino e Auleriano foram comprovados em corpo de delito.
A imprensa maranhense rapidamente noticiou a tragédia. O Jornal Pequeno em 29 de abril de 1977 noticiou: "Misterioso Acontecimento na Ilha dos Caranguejos"O Estado do Maranhão no dia 1° de maio:"Sobreviventes do mistério da ilha dos Caranguejos estão incomunicáveis". O mesmo jornal em dias posteriores continuou a dar cobertura ao caso.
O jornal O Liberal de Belém, Pará, associou o caso às estranhas luzes voadoras não identificadas sobre municípios do Maranhão. Registrou também que os noticiários de televisão da capital São Luís divulgavam as ocorrências das estranhas luzes em Cajapió. E mais, conta uma história detalhada sobre o que ocorreu no barco, sobre uma luz brilhante que invadiu o porão da embarcação, vinda de um "objeto volumoso e pesado", contrastando com os depoimentos conhecidos dos sobreviventes de que nada lembram dos acontecimentos daquela noite.
Duas hipóteses surgiram na época para explicar o caso: algum tipo de descarga elétrica de fenômeno atmosférico, como um raio, defendido por médicos e policiais ou a ação mortal das luzes voadoras, os famosos discos voadores.
O jornal O Estado do Maranhão no dia 14 de julho de 1977 noticiou encontros com estranhas luzes voadoras relatados pela população da Baixada Maranhensemicrorregião com 21 municípios, geograficamente próxima à ilha dos Caranguejos. No município de São Bento, um lavrador viu um misterioso objeto que de tão luminoso caiu do cavalo e desmaiou. Na fazenda Ariquipa, um homem foi queimado por uma tocha vinda de uma grande bola. Em Bom Jardim, uma mulher teria sido atingida por um raio emitido por uma bola de fogo e desmaiou, sem queimaduras.
No município de Pinheiro uma viatura policial foi perseguida por um OVNI que emitiu sinais luminosos, interpretados como uma tentativa de comunicação. No município de São Vicente Ferrer, o delegado teria sacado um revólver para atirar num OVNI sobre sua residência, mas a forte luz emitida o impediu.
Na capital federal, o Jornal de Brasília, no dia 30 de julho de 1977, trazia informações, dando conta da extensa área geográfica onde haviam sido observadas luzes no céu. Habitantes dos municípios de Perimirim, São Bento, Santa Helena, Pinheiro, Guimarães e Bequimão na Baixada Maranhense sofriam crises nervosas. O líder do Governo na Assembleia Legislativa, conta que ele e mais cem pessoas teriam visto um ponto de luz irradiando focos de luz no Porto de Itaúna e que os "lavradores temem também ser vítimas da luz que queima e adoece a quem ela atinge". O deputado estadual, porém, alertou não haver registro de queimaduras. A notícia finalizou com uma estimativa grandiosa do Coordenador de Segurança do Estado: 50% da população da Baixada Maranhense já teria visto o “estranho objeto”.


A imprensa também registra nesse município o aparecimento de luzes no céu e supostos ataques com raios à população, além da presença de uma entidade capaz de sugar sangue de suas vítimas. O período temporal das notícias no Pará coincide com o das publicadas no Maranhão. Em 10 de julho de 1977, várias histórias foram publicadas sobre a "lanterna com luz forte" que rondava os arredores de Viseu, como Curupati, Urumajó e Itaçu; por exemplo, a de dois moradores mortos após serem chupados por uma luz voadora, mas o delegado e um deputado esclareciam que ninguém sabia informar a identidade das vítimas.
No dia 11 de julho de 1977, uma extensa matéria é publicada com diversas histórias. Na Vila do Piriá, a 14 km de Viseu, "a luz do Diabo" causou uma doença num morador, acabando com sua vitalidade. Informava que dezenas de caboclos do lugar haviam vivido aventuras com a luz voadora. Na Vila do Itaçu, 15 km de Viseu, ninguém havia visto a luz, mas todos acreditavam. Em Viseu, um menino de nove anos teria sido envolvido por uma luz amarela que depois subiu ao céu em velocidade vertiginosa, tendo ficado acamado por três dias com tremores e febre. Dois pescadores teriam visto um "tamborão" luminoso e voador se aproximar da canoa onde estavam. Um caçador teria sido atingido pela luz em seu braço, dizendo que ela parecia furar sua carne e osso "e sentiu que toda a sua vitalidade estava sendo sugada".
Entre o município de Viseu e a Baía do Marajó temos uma extensa faixa de litoral, pelo qual as luzes voadoras foram deixando rastros. Antes de chegar à Baía, há registros de observações e ataques de raios de luz em vários municípios, como Quatipuru Maracanã, situados no Pará.
Em 18 de outubro de 1977, a população do município de Vigia, 99 km de Belém, presenciou às 18h45min o ostensivo surgimento de objetos cruzando o céu, causadores, aparentemente, de um apagão de energia elétrica. O prefeito relata ter ouvido rumores nas ruas “dando conta que um objeto estranho cruzava os céus em espantosa velocidade e lançando uma luz amarela. Como já tivesse ouvido falar na aparição desses objetos, correu até a janela de sua casa, divisando então a olho nu quando um subia da Ilha de Tapará, que fica localizada por trás da cidade, sem ruídos e sem deixar rastros tomava rumo do povoado de Santo Antônio de Ubintuba”. A reportagem de 20 de outubro de 1977 do jornal A Província do Pará sobre objetos sobrevoando Vigia e sobre o desespero reinante no povoado de Santo Antônio do Ubintuba ("Ubintuba pode ser abandonada”), acrescida da manifestação do prefeito claramente a favor da ajuda militar, coloca em cena o Primeiro Comando Aéreo Regional, o I COMAR, órgão da Força Aérea Brasileira, sediado em Belém.
O acervo documental da Operação Prato é composto por documentos oficiais liberados pela Força Aérea Brasileira - FAB, documentos do Serviço Nacional de Informações - SNI liberados pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República - GSI, todos sob guarda do Arquivo Nacional, e centenas de páginas de documentos, como relatórios e imagens fotográficas, vazadas ao público principalmente nas décadas de 80 e 90 do século passado e mais recentemente em 2017. O primeiro documento vazado foi publicado pela revista UFO Documento em setembro de 1991. Essas páginas hoje são identificadas como o relatório da Primeira Missão, realizada entre 20 de outubro a 11 de novembro de 1977. A FAB abriu uma investigação, chegando a atribuir ao sargento Flávio Costa, um agente de informações do I COMAR, que participou ativamente da operação e que estava na reserva desde 1984, a responsabilidade pelo vazamento. Outra grande quantidade de documentos, entre relatórios, croquis e desenhos foram vazados nos anos seguintes por Ademar José Gevaerdchairman da Revista UFO. Em 2017 o site BURN publicou uma coleção de fotografias e fotogramas de filmes Super-8 feitos pelos militares e pela imprensa paraense e o site operacaoprato.com divulgou outros documentos inéditos como o relatório médico militar da Operação Prato e documentos do 4.º Distrito Naval da Marinha.
Em 2004, uma campanha pela liberação de informações sobre objetos voadores não identificados recolheu milhares de assinaturas, capitaneada pela Comissão Brasileira de Ufólogos – CBU.
No dia 5 de maio de 2008, foi encaminhado ao Ministério da Defesa ofício do Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, recomendando providências para acesso público à documentação referente a OVNIs, conforme solicitação da CBU, que fosse passível de desclassificação de seu grau de sigilo ou material não sigiloso ou que tivesse sido vencido seu prazo de sigilo, e posterior envio ao Arquivo Nacional. Em 23 de abril de 2009, o Centro de Documentação da Aeronáutica - CENDOC, enviou ao Arquivo Nacional no Distrito Federal os primeiros documentos sobre a operação militar no Pará. Os documentos recebidos pelo Arquivo Nacional são organizados em fundos, um deles passou a ser o Fundo BR DFANBSB ARX – objeto voador não identificado (ovni). Ele está associado ao órgão FAB-CENDOC. Ainda em 2009, o GSI, liberou dezenas de páginas de documentos do antigo SNI sobre a operação no Pará. Entre eles um informe da Agência de Belém para a Agência Central do SNI em Brasília sobre a Operação Prato. Uma observação importante: os arquivos GSI/SNI não estão na base de dados do Sistema de Informações do Arquivo Nacional – SIAN, portanto, não podem ser acessados eletronicamente como os demais documentos. Eles não pertencem ao fundo OVNI/FAB-CENDOC. Eles são atrelados ao SNI e a ditadura, que é um outro fundo ainda não disponível no SIAN.  entanto, os arquivos do GSI/SNI podem ser acessados no site de Fernando Rodrigues no UOL.
O lote GSI/SNI continha várias páginas iguais ou semelhantes àquelas existentes nos relatórios vazados, confirmando a autenticidade de muitas delas. O principal documento liberado pelas autoridades chama-se Registros de Observações de OVNI, uma coletânea de 130 registros, emitido pelo I COMAR e enviado ao Estado Maior da Aeronáutica em fevereiro de 1979. Um cruzamento desses registros oficiais com existentes em documento vazado, denominado Resumo Sintético Cronológico, onde estão relacionadas 284 observações militares e relatos de civis, permite obter 99,2% de comparações positivas entre os documentos nas datas e horários, com descrições entre idênticas e muito semelhantes, com apenas um registro em cento e trinta sem seu par correspondente. Outro cruzamento, desta vez de um subconjunto de 122 observações militares de 1977 do vazado Resumo Sintético Cronológico com seus pares registrados nos relatórios de missão vazados, obtêm-se uma correspondência 94,2% de comparações positivas.
Em outubro de 2007, o filho do sargento Flávio Costa, Fernando, declarou que foi responsável pela manipulação e ampliação de pontos luminosos em filmes fotográficos da operação de modo a parecerem discos voadores, durante o processo de revelação no laboratório fotográfico improvisado na residência de seu pai, na Vila Militar.



A coletânea dos registros de observações realizadas pelos agentes da 2ª Seção, pelos informantes civis e informantes militares registrados nos documentos Resumo Sintético Cronológico (vazado) e o Registros de Observações de OVNI (oficial), incluem, além do período clássico da Operação Prato, período posterior de monitoramento do I COMAR, finalizado em novembro de 1978. O primeiro é o conjunto total de observações, incluindo satélites artificiais. O segundo, um extrato particular dos objetos observados, considerados relevantes e não identificados.
Os fenômenos afetaram localidades no Pará, concentradas numa faixa de cerca de 260 quilômetros do litoral nordeste paraense banhado pelo Oceano Atlântico. No extremo leste o Rio Gurupi, divisa natural com o Maranhão e a oeste da Baía do Marajó. As localidades geográficas cobertas pela operação em si foram principalmente a Baía do Marajó, Baía do Sol, Rio Bituba, Ilha de Colares e municípios de Santo Antônio do Tauá, Vigia, ColaresAnanindeua, Castanhal e Belém (Ilha do Mosqueiro).
No dia 20 de outubro de 1977, uma equipe da seção de informações do I COMAR, conhecida como 2ª Seção ou A2, composta de três agentes, saiu de Belém em direção ao município de Santo Antônio do Tauá, distante cerca de 60 km da capital. Nos primeiros dias realizaram várias entrevistas com habitantes dos municípios de Tauá, Colares e de povoados do município de Vigia, como Santo Antônio do Ubintuba, Vila Nova do Ubintuba e Paraíso do Ubintuba. Realizam também as primeiras observações de objetos voadores, alguns identificados, outros não. Nos dias 26 e 27 de outubro de 1977 se deslocaram para a região o chefe da 2ª Seção, o então coronel Camillo Ferraz de Barros e uma equipe médica militar. Dois outros importantes personagens militares participaram dessa missão, o sargento Flávio Costa e, à época capitão, Uyrangê Hollanda, ambos lotados na 2ª Seção.
A base de operações se estabeleceu em Colares dia 29 de outubro e Hollanda assumiu a chefia da operação no dia 1° de novembro. O sargento Flávio Costa registrou em relatório específico uma descrição de como os cidadãos de Colares estavam percebendo os fenômenos e como estavam sendo afetados. Conta dos ataques com foco de luz, a “histeria coletiva” em que se encontrava a população e testemunha as constantes procissões de moradores soltando fogos e tiros para afugentar as luzes. Em resumo, a sociedade local estava apavorada. Também deixou claro o papel negativo e irresponsável da imprensa na criação do chupa-chupa: “do monstro criado pela imprensa”. Segundo o relatório a região “(...) tem por habitantes pessoas de índice cultural, socioeconômico e sanitário dos mais baixos, aliados a crendices e formação simples, facilmente influenciados pelos meios de comunicação, nem sempre usados por pessoas escrupulosas.". No dia 1° de novembro encontramos o maior contingente militar registrado na documentação da Operação Prato: o chefe da 2ª Seção, o chefe da operação, uma equipe de três sargentos da 2ª Seção e quatro tripulantes de um helicóptero Bell H-1H Huey. Ao todo 9 militares.
Entre os dias 26 e 27 de outubro de 1977 uma equipe medica integrada pelo então 1ª tenente médico da Aeronáutica Dr. Pedro Ernesto Póvoa e pelo Aspirante-a-oficial médico da Aeronáutica Dr. Augusto Sergio de Almeida realizaram uma missão com o objetivo de "verificar o estado médico-psicológico das populações examinadas na operação (Prato).". A missão produziu o documento Relatório da Missão Médico-Psiquiatra na Operação Prato, que dedicou grande parte de seu conteúdo a descrição do exame de duas possíveis vítimas de ataques das luzes dos chupa-chupa. Esses registros representam os únicos diagnósticos individualizados registrados na operação até o momento. Segundo os médicos, as duas mulheres foram examinadas logo após declararem “(...) ter acabado de sofrer efeitos dos raios vindos do firmamento (...)”. Vários dos sintomas apresentados pelas duas mulheres foram atribuídos a reações fisiológicas normais em situações de estresse. O médicos declaram no relatório: “(...) os sintomas referidos por estas 2 pessoas (...) trata-se de uma reação fisiologicamente normal, denominada descarga adrenérgica, que acomete pessoas diante de ocasiões de luta, fuga ou medo. (...) esses sintomas são transmitidos de boca-em-boca, e, de forma epidêmica ‘compartilhado’ por todos os moradores, circulando um clima de histeria coletiva.”. A explicação científica para o fenômeno que atingiu a região é dada na conclusão do documento: “(...) o que as pessoas acham que é o resultado da ação de raios luminosos de OVNI, trata-se de reações normais do organismo, causadas por medo do desconhecido.”.
A Agência do SNI em Belém, enviou documento confidencial de cinco folhas a Agência Central do SNI em Brasília, datado de 9 de novembro de 1977, sobre informações relativas a “Objetos Voadores Não Identificados – OVNI”, divulgando os primeiros dados das investigações que estavam sendo conduzidas pela Segunda Seção do I COMAR.
O informe faz uma introdução ao assunto OVNI, ligando rapidamente o fenômeno a eventos relatados em municípios do Pará e num primeiro momento atribuído ao misticismo da população empobrecida das regiões afetadas. Informa que o I COMAR constatou o clima de tensão entre a população de alguns municípios e coletou relatos sobre luzes em voo e focos de luz dirigidos sobre pessoas. O documento continua com outros informes, como que a equipe da 2ª Seção montou posto de vigia para fotografar a luz e registrou objeto a três mil metros de altitude e velocidade de 30.000 km/h. As luzes foram várias vezes fotografadas e delas pouco se concluía, parecendo haver confusão na equipe sobre isso. Conta que o chefe da equipe identificou a foto que mais impressionou a todos como a estrela Dalva (Vênus), levando o próprio a duvidar das demais fotos como sendo de OVNI. Ainda, não havia consenso entre a equipe “sobre o que foi visto”, mas a reserva poderia ser fruto de não se querer “cair no ridículo, perante os colegas”. Informa detalhes dos relatos sobre OVNI e vítimas das luzes, colhidos com a médica do posto de saúde e com o pároco de Colares e o prefeito de Vigia. Acusa a imprensa de fazer exploração do assunto. Termina informando que o I COMAR continuaria as investigações.
Não existem nos documentos oficiais e vazados observações militares de uma Equipe A2 registradas entre 11/11, fim da Primeira Missão e o dia 25/11, início da segunda missão. Existem alguns relatos de civis. Quatro foram inseridos no oficial Registro de Observações de OVNI, todos relatados na Ilha do Mosqueiro/Baía do Sol pelo piloto civil Ubiratan Pinon Frias, íntimo colaborador de Flávio Costa e Hollanda durante a Operação Prato.
No dia 22 de novembro, o sargento Flávio Costa, acompanhado de Pinon e duas acompanhantes, faz uma vigília noturna particular bem sucedida na Baía do Sol, estrategicamente posicionada a alguns quilômetros da ilha de Colares, sendo possível a observação em linha reta da chamada Ponta do Machadinho, local de praias em Colares, onde uma série de observações com ousadas manobras aéreas são relatadas. Constam do Registro de Observações de OVNI, como registros números 39, 40 e 41. Flávio nessa época produz os famosos Relatórios Extras números 1 e 2, de uma sequência de dezesseis entre 1977 e 1978, para o I COMAR.
Não há registros militares sobre os fenômenos em Belém. Toda a cobertura do período é jornalística. O jornal O Liberal, em 17 de novembro de 1977, em reportagens ocupando página inteira, sob o título “Fenômeno da luz intranquiliza a cidade”, conta várias histórias sobre alegados ataques da luz vampira: Um clima de intranquilidade e insegurança está se registrando e se ampliando em toda a cidade, em decorrência de estranhas e contraditórias notícias sobre uma misteriosa luz que ataca as pessoas, sugando-lhes o sangue.” (...) Mas têm sido inúteis os esforços da reportagem em encontrar simultaneamente, ou logo após os mirabolantes ataques, aqueles que se dizem vítimas do ‘foco paralisador’. A cidade está cheia de boatos.”
Eliana com 16 anos, se preparava para ir trabalhar no Centro Espírita as 15h30min, quando sentiu “uma coisa” e viu uma luz clareando o quarto pelas frestas do telhado, sob o forte sol da tarde. Durou meia hora, houve testemunhas. Não sentiu nada de anormal depois. Oberlando de 18 anos, estudava às 01h30min da madrugada e estava com muito medo, tendo rezado muito, antes de começar a estudar. Sentiu calor e viu uma luz pela fresta do telhado, descontrolado atacou a irmã e cunhado que dormiam, chutou coisas, quebrou vidros, queria que abrissem a porta. Eliana e Oberlando eram vizinhos, moravam na mesma rua, no bairro Cremação. Um garoto de 7 anos caiu e bateu a cabeça numa pedra, pela manhã, levando 15 pontos. Sua mãe diz que foi a luz. O garoto não sabe o que aconteceu. No bairro Jurunas. O jornal A Província do Pará em 19 de novembro de 1977, publica com o título “Vampiro interplanetário só gosta de mulher”, reportagem sobre ataques a três jovens do Bairro Jurunas. Jurunas é muito perto do bairro da Cremação.
Uma jovem de 13 anos quando voltava para casa às 21h:
“Na porta de sua residência (...) sentiu todo o seu corpo adormecer ao ser atingida por uma luz vermelha que mudava de tonalidade, ficando às vezes clara. Teve forças de correr para a cama, caindo sobre o leito desmaiada.”
No hospital nada foi constatado. Levada a um templo evangélico, a jovem “como se estivesse possessa de demônios tal a força que demonstrava” foi curada pelo “poder de Deus”, ficou ótima e se converteu ao Evangelho.
No hospital nada foi constatado. Levada a um templo evangélico, a jovem “como se estivesse possessa de demônios tal a força que demonstrava” foi curada pelo “poder de Deus”, ficou ótima e se converteu ao Evangelho.
“(...) retornava da sede do Imperial, na Rua Conceição, quando se viu paralisada pela luz vermelha. Apavoradas, suas amigas (...) fugiram deixando-a só (...) A luz de repente ficou verde e logo branca. Percebi quando três amigos me socorreram e, em casa notei várias marcas no meu corpo acentuadamente no braço esquerdo, como se fossem queimaduras leves.”
O caso mais famoso, aconteceu no dia 17 de novembro, quando outra jovem, Aurora:
“(...) disse que na noite de quinta-feira por volta das 21 horas chegava em casa” (...) se dirigindo para o pequeno quintal da residência onde passou a lavar as louças do jantar. De repente foi atacada por uma forte corrente de vento frio e sentiu um medo terrível como se estivesse sendo envolvida por algo estranho. Eu fiquei apavorada. Chamei minha mãe que já estava deitada como outros moradores da casa, mas antes dela chegar uma forte luz vermelha me envolveu, deixando-me atordoada. Ao mesmo tempo, senti furadas muito finas que eram dadas em meu seio, caindo então ao solo desmaiada.”
O jornal A Província do Pará convidou o médico Orlando Zoghbi a visitar as três jovens em suas residências para dar sua opinião. A avaliação do médico foi publicadas pelo jornal em 20/11. Durante a visita foi tirada uma foto, publicada na edição, mostrando perfurações no seio.
O médico recomenda a atenção de um psicólogo e faz algumas considerações sobre o fenômeno no estado. Diz ter havido uma reação em cadeia a partir de relatos da cidade de Viseu - fronteira com o Maranhão e espalhados pelos jornais de vários estados, suscitando sintomas em pessoas "supersensíveis". A neurose coletiva observada pela falta de segurança e a “crescente onda de assaltos”, motivada pela migração do campo para a capital Belém, foi reforçada pelos meios de comunicação, gerando pânico e "crendice na massa, da existência do tal vampiro extraterreno". Que na adolescência: "(...) fase dos sonhos, os desejos reprimidos são imensos pois a mente fértil de ideias, nas quais a totalidade da área material não é satisfeita, gerando informações numerosas ao sub e ao inconsciente.”
As visões:  “(...) são fruto do estado d'alma, em sintonia com o inconsciente, produzindo uma excitação psicomotora.” - "(...) Que as lesões (...) são (...) ocasionadas por choque adrenérgico, pois as mulheres instintivamente num ato de proteção levam as mãos aos seios e a ação motora contraindo as mãos em garra ocasionaram as lesões nas glândulas mamárias.”








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