Religiões pelo mundo


No décimo segundo capítulo da série falaremos sobre o Budismo


Budismo é uma filosofia ou religião  não teísta que abrange diversas tradições, crenças e práticas geralmente baseadas nos ensinamentos de Buda. Engloba escolas como o TeravadaZenTerra Pura e o budismo tibetano, se espalhou mais pelo TibeteChina e Japão
Várias fontes colocam o número de budistas no mundo entre 230 milhões e 500 milhões, sendo assim a quinta maior religião do mundo.
Os budistas acreditam que a consciência física e espiritual leva à iluminação e elevação, o chamado nirvana. É o plano mais alto de consciência, onde o ser está livre da dor do mundo físico.
A doutrina budista é dividida em dois grandes ramos: Theravada, a escola budista mais antiga, e Mahayana, da qual faz parte o Budismo Tibetano, o Zen, entre outras linhas.
As escolas budistas variam sobre a natureza exata do caminho da libertação, a importância e canonicidade de vários ensinamentos e, especialmente, suas práticas.Entretanto, as bases das tradições e práticas são as Três Joias: O Buda (como seu mestre), o Dharma (ensinamentos baseados nas leis do universo) e a Sangha (a comunidade budista). Encontrar refúgio espiritual nas Três Joias ou Três Tesouros é, em geral, o que distingue um budista de um não budista. Outras práticas podem incluir a renúncia convencional de vida secular para se tornar um monge (sânscritopálibhikkhu) ou monja (sânscrito; páli: bhikkhuni).
De acordo com a narrativa convencional, o Buda nasceu em Lumbini (hoje, patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por volta do ano 566 a. C. e cresceu em Capilvasto: ambos, atuais localidades nepalesas. Logo após o nascimento de Sidarta, um astrólogo visitou o pai do jovem príncipe, Suddhodana, e profetizou que Sidarta iria se tornar um grande rei e que renunciaria ao mundo material para se tornar um homem santo, se ele, por ventura, visse a vida fora das paredes do palácio.
O rei Suddhodana estava determinado a ver o seu filho se tornar um rei, impedindo, assim, que ele saísse do palácio. Mas, aos 29 anos, apesar dos esforços de seu pai, Sidarta se aventurou por além do palácio diversas vezes. Em uma série de encontros (em locais conhecidos pela cultura budista como "quatro pontos"), ele soube do sofrimento das pessoas comuns, encontrando um homem velho, um outro doente, um cadáver e, finalmente, um asceta sadhu, representando a busca espiritual. Essas experiências levaram Gautama, eventualmente, a abandonar a vida material e ir em busca de uma vida espiritual.
Sidarta Gautama estudou sob diferentes mestres e desencantou-se com o resultado alcançado pelo que ensinavam. Chegou a praticar ascese rígida, como jejum prolongado, restrição da respiração, e outras formas de exposição a dor, muito comum naquele tempo na Índia, e quase morreu ao longo do processo. Mas houve um episódio no qual uma jovem lhe ofereceu comida e ele aceitou, isso marcou sua renúncia a tais praticas. Concluiu que as práticas ascéticas extremas não traziam os resultados que buscava. Deduziu, então, que as práticas eram prejudiciais aos praticantes. Ele abandonou o ascetismo, concentrando-se na meditação anapanasati, através da qual descobriu o que hoje os budistas chamam de "caminho do meio": um caminho que não passa pela luxúria e pelos prazeres sensuais, mas que também não passa pelas práticas de mortificação do corpo. Em outras palavras, o caminho do meio não seria o caminho do apego a qualquer coisa, nem também o caminho da negação ou aversão a qualquer coisa e sim uma terceira via.
Quando tinha 35 anos de idade, Sidarta sentou-se embaixo de uma figueira-dos-pagodes (Ficus religiosahoje conhecida como árvore de Bodhi, localizada em Bodh Gaya, na Índia e prometeu não sair dali até conseguir atingir a iluminação espiritual.
A lenda diz que Sidarta conheceu a dúvida sobre o sucesso de seus objetivos ao ser confrontado por um demônio chamado Mara, que simboliza o mundo das aparências, a tentação, comparado ao papel da Satanás no cristianismo, muitas vezes representado por uma cobra naja. Mara teria oferecido todos os tipos de prazeres e tentações a Sidarta, que implacavelmente repeliu Mara. Vencido Mara, Sidarta acordou para a Verdade, a Verdade da origem, da cessação e do caminho que levava ao fim do sofrimento, e se iluminou. Assim, por volta dos quarenta anos, Sidarta se transformou no Buda, o Iluminado.
Logo atraiu um grupo de seguidores e instituiu uma ordem monástica. A partir de então, passou seus dias ensinando o darma, viajando por toda a parte nordeste do subcontinente indiano. Ele sempre enfatizou que não era um deus e que a capacidade de se tornar um buda pertencia ao ser humano. Faleceu aos oitenta anos de idade, em 483 a. C., em Kushinagar, na Índia.
Os estudiosos se contradizem em relação às afirmações sobre a história e os fatos da vida de Buda. A maioria aceita que ele viveu, ensinou e fundou uma ordem monástica, mas não aceita de forma consistente os detalhes de sua biografia. Segundo o escritor Michael Carrithers, em seu livro O Buda, o esboço de uma vida tem que ser verdadeiro: o nascimento, a maturidade, a renúncia, a busca, o despertar e a libertação, o ensino e a morte.
Ao escrever uma biografia sobre Buda, Karen Armstrong disse: "É obviamente difícil, portanto, escrever uma biografia de Buda, atendendo aos critérios modernos, porque temos muito pouca informação que pode ser considerada 'histórica'... mas podemos estar razoavelmente confiantes, pois Siddhartta Gautama realmente existiu e os seus discípulos preservam a sua memória, sua vida e seus ensinamentos".

Conceitos Budistas
Carma: lei de causa e efeito

A vida e o mundo

No budismo, o Carma (do sânscrito कर्म, transl. karmam, e em palikamma, "ação") é a força de samsara sobre alguém. Boas ações (pálikusala), e/ou ações ruins (páli: akisala) geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou em um renascimento subsequenteCom o objetivo de cultivar as ações positivas, o sila é um conceito importante do budismo, geralmente, traduzido como "virtude", "boa conduta", "moral" e "preceito".O carma, na filosofia budista, refere-se especificamente a essas ações (do corpo, da fala e da mente) que brotam da intenção mental (páli: cetana) e que geram consequências (frutos) e/ou resultados (vipaka). Cada vez que uma pessoa age, há alguma qualidade de intenção em sua mente e essa intenção muitas vezes não é demonstrada pelo seu exterior, mas está em seu interior e determinará os efeitos dela decorrentes.No budismo Teravada, não pode haver salvação divina ou perdão de um carma, uma vez que é um processo puramente impessoal que faz parte do Universo. Outras escolas, como a Maaiana, porém, têm opiniões diferentes. Por exemplo, os textos dos sutras (como o Sutra do LótusSutra de Angulimala e Sutra do Nirvana) afirmam que, recitando ou simplesmente ouvindo seus textos, as pessoas podem expurgar grandes carmas negativos. Da mesma forma, outras escolas, Vajrayana por exemplo, incentivam a prática dos mantras como meio de cortar um carma negativo.


Renascimento

Renascimento se refere a um processo pelo qual os seres passam por uma sucessão de vidas como uma das muitas formas possíveis de senciência. Entretanto, o budismo, natural da Índia, rejeita conceitos de "autoestima" permanente ou "mente imutável", eterna, como é chamada no cristianismo e até mesmo no hinduísmo, pois, no budismo, existe a doutrina do anatta, sobre a inexistência de um "eu" permanente e imutável.De acordo com o budismo, o renascimento em existências subsequentes deve antes ser entendido como uma continuação dinâmica, um constante processo de mudança - "originação dependente" (sânscrito: pratītya-samutpāda) - determinado pelas leis de causa e efeito (carma), em vez da noção de um ser encarnado ou transmigrado de uma existência para outra.Cada renascimento ocorre dentro de um dos seis reinos, de acordo com os nossos reinos de desejos, podendo variar de acordo com as escolas.O renascimento em alguns dos céus mais altos, conhecido como o mundo de Śuddhāvāsa (moradas puras), pode ser alcançado apenas por pessoas com enorme realização espiritual, conhecidos como não regressistas (sânscrito: anāgāmis). Já o renascimento no reino sem forma (sânscrito: arupa-dhatu) pode ser alcançando apenas por aqueles que podem meditar sobre o arupajhanas, o maior objeto de meditação.De acordo com o budismo praticado no leste asiático e o budismo tibetano, há um estado intermediário (o bardo) entre uma vida e a próxima. A posição Teravada ortodoxa rejeita esse conceito, no entanto existem passagens no Samyutta Nikaya do Cânone Páli (coleção de textos em que a tradição Teravada é baseada) que parecem dar apoio à ideia de que o Buda ensinou que existe um estado intermediário entre esta vida e a próxima.



O ciclo de samsara

Samsara é o ciclo das existências nas quais reinam o sofrimento e a frustração engendrados pela ignorância e pelos conflitos emocionais que dela resultam. O samsaracompreende os três mundos superiores (deva, espiritual e seres humanos) e os três inferiores (seres ignorantes, inferiores e animais), julgados não por um valor, mas em função da intensidade de sofrimento.Os budistas acreditam, em sua maioria, no samsara. Este, por sua vez, é regido pelas leis do carma: a boa conduta produzirá bom carma e a má alma produzirá carma maléfico. Assim como os hindus, os budistas interpretam o samsara não esclarecido como um estado de sofrimento. Só nos libertaremos do samsara se atingirmos o estado total de aceitação, visto que nós sofremos por desejar coisas passageiras, e alcançarmos o nirvana ou a salvação.


Sofrimento: causas e soluções


As Quatro Nobres Verdades

As Quatro Nobres Verdades (em sânscritocatvāri āryasatyāniWyle'phags pa'i bden pa bzhi; em pálicattāri ariyasaccāni) são um elemento central da doutrina do budismo. Estas verdades referem-se ao sofrimento ou insatisfação (dukkha), sua natureza, sua origem, sua cessação e o caminho que conduz a essa cessação. As Quatro Nobres Verdades estão entre os diversos conhecimentos que Sidarta Gautama realizou durante sua iluminação.As Quatro Nobres Verdades aparecem diversas vezes ao longo dos mais antigos textos budistas, no Cânone Páli. Os primeiros ensinos e a compreensão tradicional no budismo Teravada que é as Quatro Nobres Verdades são ensinamentos avançados para aqueles que estão prontos a elas. O budismo Maaiana considera-as como um ensinamento prejudicial para as pessoas que não estão prontas para seus próprios ensinamentos.O motivo pelo qual o Buda teria ensinado as nobres verdades com o objetivo de compreender o mecanismo do sofrimento ou insatisfação e alcançar uma felicidade real e estável.[3] Diz-se que ele alcançou este objetivo meditando debaixo da árvore bodhipróximo ao rio Neranjana. As Quatro Nobres Verdades são a conclusão de seu entendimento sobre a natureza do "sofrimento",[4]sobre a causa fundamental de todo o sofrimento, sobre a fuga do sofrimento e sobre o esforço que uma pessoa pode fazer para alcançar a felicidade.Tais verdades não são expressas como uma hipótese ou como uma ideia provisória, mas sim, como Buda disse: As Quatro Nobres Verdades, monges, são reais, infalíveis, e não o contrário. Portanto, elas são chamadas de nobres verdades.Buda também disse que as ensinou... .porque são benéficas, porque pertencem aos fundamentos da vida santa, que conduz ao desencantamento, a dissipação, a cessação do sofrimento, à paz, ao conhecimento direto, à iluminação, ao Nirvana. É por isso que eu as declarei.


As Verdades

A Realidade do Sofrimento (Dukkha):"Esta é a nobre verdade do sofrimento: nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimento; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que se deseja é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento."

  • Muitas vezes a primeira Nobre Verdade proferida por Buda Shakyamuni após sua iluminação é traduzida como "A vida é sofrimento", ou "Existe sofrimento", sempre indicando a natureza sofrida da vida. Em um primeiro momento esse ensinamento pode parecer demasiado pessimista e deprimente. Mas isso se deve à tradução simplista do termo. A primeira Nobre Verdade diz respeito à dukkha, que não tem uma tradução literal, mas que pode significar todos os níveis de desconforto desde a insatisfação até ao sofrimento.. De uma maneira geral, dukkha diz respeito ao nosso condicionamento de vida dentro de experiências cíclicas, onde nos alternamos entre boas experiências (felicidade) e más experiências (sofrimento). Todos os seres buscam a felicidade e procuram se afastar do sofrimento, no entanto nessa busca de felicidade e dentro da própria felicidade encontrada estão as sementes de sofrimentos futuros. Podemos pensar da seguinte maneira: sofremos porque não temos algo; sofremos porque conseguimos algo e temos medo de perder; sofremos porque temos algo que parecia bom, mas agora não é tão bom assim; e sofremos porque temos algo que queremos nos livrar e não conseguimos. Podemos ver então que mesmo que tenhamos sucesso na nossa experiência de felicidade, ela mesma pode se tornar causa de uma experiência de sofrimento. Além disso, as experiências são impermanentes, as idéias, os conceitos, os pensamentos, todos são impermanentes, mudam. Por isso, dentro da experiência de felicidade existe a causa de uma experiência de sofrimento, pois ela também é impermanente e irá mudar.
A Realidade da Origem do Sofrimento (Samudaya):"Esta é a nobre verdade da origem do sofrimento: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensoriais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir."A Realidade da Cessação do Sofrimento (Nirodha):"Esta é a nobre verdade da cessação do sofrimento: é o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele."A Realidade do Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento:"Esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta."
Esse método é descrito por alguns acadêmicos ocidentais e ensinado como uma introdução ao budismo por alguns professores contemporâneos do Maaiana, como por exemplo o 14º Dalai LamaTenzin Gyatso

O Nobre Caminho Óctuplo

Nobre Caminho Óctuplo é, nos ensinamentos do Buda, um conjunto de oito práticas que correspondem à quarta nobre verdadedo budismo. Também é conhecido como o "caminho do meio" porque é baseado na moderação e na harmonia, sem cair em extremos.Essas oito práticas foram descritas pelo Buddha:"Agora, bhikkhus, esta é a nobre verdade do caminho que conduz à cessação do sofrimento: é este Nobre Caminho Óctuplo: entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta." -- SN LVI.11O nobre caminho óctuplo é um treinamento para erradicar a ganância, o ódio e a ilusão, vistos como as raízes do sofrimento.No simbolismo budista, o nobre caminho óctuplo é frequentemente representado pela roda do dharma, cujos oito aros representam os oito elementos do caminho. O Nobre Caminho foi delineado pelo Tathagata já no seu primeiro discurso após a iluminação, o "Discurso do colocar a roda em movimento"

Caminho do Meio

Caminho do Meio (em pálimajjhimā paipadā; em sânscritomadhyamā-pratipad   Tibetan: དབུ་མའི་ལམ། Umaylam;Chinese: 中道 zhōngdào; Japanese: 中道 chūdō) é o termo que Siddhartha Gautama usou para descrever o caráter do Nobre Caminho Óctuplo descoberto por ele e que leva à libertação. É um importante princípio orientador da prática budista.No Maaiana Budismo, a maior das duas principais tradições do budismo existentes hoje em dia, o Caminho do Meio refere-se ao conhecimento sobre o vazio (Sunyata) que transcende declarações opostas sobre a existênciaCaminho do Meio tem outras várias definições:
  • A prática de não-extremismo: um caminho de moderação e distância entre a auto-indulgência e a morte;
  • O meio-termo entre determinadas visões metafísicas;
  • Uma explicação do nirvana (perfeita iluminação), um estado no qual fica claro que todas as dualidades aparentes no mundo são ilusórias.

A forma como as coisas são

Estudiosos budistas têm produzido uma quantidade notável de teorias intelectuais, filosóficas e conceitos de visão do mundo (por exemplo: filosofia budistaabhidharma e a realidade no budismo). Algumas escolas do budismo desencorajam estudos doutrinários, algumas os consideram como essenciais, pelo menos para algumas pessoas em algumas fases do budismo.Nos primeiros ensinamentos budistas, de certa forma, compartilhado por todas as escolas existentes, o conceito de libertação (nirvana) está intimamente ligado com a correta compreensão de como a mente lida com o estresse. Ao termos conhecimento sobre o apego, um sentimento de desapego é gerado e se é liberado do sofrimento (dukkha) e do ciclo de renascimento (samsara). Para esse efeito, o Buda recomendou ver as coisas através das três marcas da existência.

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Existem diferentes vertentes do Budismo. Por exemplo, o Budismo Nitiren ou Budismo de Nitiren tem como fundamento os ensinamentos de Nitiren, um monge japonês que viveu no século XIII.
O Budismo Kadampa, outra linhagem de pensamento budista, foi uma escola criada pelo mestre budista indiano Atisha.
Historicamente, as raízes do budismo se encontram no pensamento religioso da Índia antiga durante a segunda metade do primeiro milênio antes de Cristo. Esse foi um período de turbulência social e religiosa, já que havia um significante descontentamento com os sacrifícios e rituais do bramanismo védico. Ele foi desafiado por vários novos ensinamentos e grupos ascéticos, religiosos e filosóficos que romperam com a tradição brâmane e rejeitaram a autoridade dos Vedas e dos brâmanes.
O budismo formou-se no nordeste da Índia, entre o século V e IV a.C.. Este período corresponde a uma fase de alterações sociais, políticas e econômicas nessa região do mundo. A antiga religiosidade bramânica, centrada no sacrifício de animais, era questionada por vários grupos religiosos, que geralmente orbitavam em torno de um mestre.
Um desses mestres religiosos, como visto acima com mais detalhes, foi Sidarta Gautama, o Buda, cuja vida a maioria dos acadêmicos ocidentais e indianos situa entre 563-483 a.C., embora os acadêmicos japoneses considerem mais provável as datas 448 a 368 a.C.Sidarta nasceu na povoação de Kapilavastu, que se julga ser a aldeia indiana de Piprahwa, situada perto da fronteira indo-nepalesa. Pertencia à casta guerreira (ksatriya).
Várias lendas posteriores afirmam que Sidarta viveu no luxo, tendo o seu pai se esforçado por evitar que o seu filho entrasse em contato com os aspectos desagradáveis da vida. Por volta dos 29 anos, o jovem Sidarta decidiu abandonar a sua vida, renunciando a todos os bens materiais e adotando a vida de um renunciante. Praticou o ioga (numa forma que não é a mesma que é hoje seguida nos países ocidentais) e seguiu práticas ascéticas extremas, mas acabou por abandoná-las, vendo que não conseguia obter nada delas. Segundo a tradição, ao fim de uma meditação sentado debaixo de uma figueira, descobriu a solução para a libertação do ciclo das existências e das mortes que o atormentava.
Pouco depois, decidiu retomar a sua vida errante. Chegou a um bosque perto de Benares, onde pronunciou um discurso religioso diante de cinco jovens, que convencidos pelos seus ensinamentos, se tornaram os seus primeiros discípulos e com quem formou a primeira comunidade monástica (sangha). O Buda dedicou, então, o resto da sua vida (talvez trinta ou cinquenta anos) a pregar a sua doutrina através de um método oral, não tendo deixado quaisquer escritos.
Sidarta Gautama, sem dúvida familiar com os pensamentos de sua era e região, ensinou o Caminho do Meio entre a indulgência sensual e o severo ascetismo encontrado no movimento Śramaṇa, comum na região. Como a principal figura do Budismo, os acontecimentos de sua vida, seus discursos e as regras monásticas que ele criou foram compilados após a sua morte e memorizados por seus seguidores. Várias coleções de ensinamentos atribuídas a ele foram preservadas e transmitidas via tradição oral e primeiramente fixadas por escrito cerca de 400 anos depois.
A partir do seu local de nascimento no nordeste indiano, o budismo espalhou-se para outras partes do norte e para o centro da Índia. Durante o reinado do imperador máuria Asoka, que se converteu ao budismo e que governou uma área semelhante à da Índia contemporânea (com excepção do sul), essa religião consolidou-se. Após ter conquistado a região de Calinga pela força, Asoka decidiu que a partir de então governaria com base nos preceitos budistas. O imperador ordenou a construção de hospedarias para os viajantes e que fosse proporcionado tratamento médico não só aos humanos, mas também aos animais. O rei aboliu também a tortura e provavelmente a pena de morte. A caça, desporto tradicional dos reis, foi substituída pela peregrinação a locais budistas. Apesar de ter favorecido o budismo, Asoka revelou-se também tolerante para com o hinduísmo e o jainismo.
Asoka pretendeu também divulgar o budismo pelo mundo, como revelam os seus éditos. Segundo estes, foram enviados emissários com destino à SíriaEgito e Macedónia (embora não se saiba se chegaram aos seus destinos) e para o oriente, para um terra de nome Suvarnabhumi (Terra do Ouro) que não se conseguiu identificar com segurança.

E esse é o Budismo, na próxima quinta feira veremos 
sikhismo.




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